Já faz uns dois meses que estou morando em outra cidade, longe dos meus pais e do meu irmão. Nas primeiras semanas estava tudo okay e ainda está, na verdade. Mas depois de alguns finais de semana, que sempre volto pra minha casa, quando tenho que voltar, eu choro.

Choro com saudade. Com saudade de ver minha mãe todo dia, do meu pai indo me pegar de madrugada na praça da igreja quando chegava da cidade onde faço faculdade (que é onde estou morando agora), saudade do meu irmão, de jogar com ele e de ficar falando coisas super aleatórias.

Eu nunca imaginei que sentiria tanta saudade deles, sabia que iria sentir mas não tanto. Mas acho que de certa forma, é algo bom, pois estou dando mais valor ainda a família que tenho, que apesar de todos os defeitos, eu os amo.

Esse feriado fui a praia com a minha mãe em um passeio da escola dela, foi um dia incrível! Incrivelmente minha ligação com a minha mãe está mais forte depois que me mudei ou simplesmente só percebi essa ligação forte agora, é um desses dois.

Esse feriado foi ótimo, pois aproveitei bastante os momentos com eles. No final de semana que vem não virei pra casa, pra economizar dinheiro com passagem, eu vou sair com uns amigos e colocar umas séries em dia mas eu sei que vai ter um momentinho ali, que eu vou chorar com saudade deles.

Mesmo depois de tanto tempo, depois de tantos vídeos e textos falando sobre como devemos ser nós mesmos, eu ainda tenho medo de ser eu mesma e tenho quase certeza que esse medo nunca vai passar. Eu sei, "nunca diga nunca" mas é o que sinto.

Por mais que eu me sinta íntima daquela pessoa, eu nunca tenho a confiança de poder ser eu mesma com ela, por mais tempo que eu e pessoa X nos conheçamos, não me sinto 100% a vontade de ser eu mesma, sempre acho que as pessoas não estão preparadas pra me conhecer por completo, saber de todos os meus pensamentos. Uma amiga uma vez disse que eu sou muito estranha, isso faz muito tempo já mas nunca consegui esquecer, não acho que ela tenha dito por maldade mas naquela época me afetou bastante, me fez querer mudar por completo mas hoje já não me afeta da mesma maneira caso ela ou alguém me chame de estranha. Porque eu sei que sou estranha.

Se você chegar pra mim hoje e disse "Sabrina, tu é muito estranha" eu simplesmente vou dizer "Sim, eu sou muito estranha, obrigada", gosto de ser a pessoa que sou (e isso é  surpreendente pra mim) mas as vezes por saber que sou estranha, isso me deixa receosa de poder ser realmente eu mesma com as pessoas. Não que as pessoas que são íntimas a mim não me conheçam de verdade, elas conhecem e me aceitam (aparentemente) do jeito que eu sou, estranha e agressiva (como diz a Carol) mas há coisas, pensamentos, vontades, que nenhum deles sabem, mas você deve pensar "todos temos alguns segredos, coisas que não contamos nem para nossos pais ou melhor amigo, que só Deus sabe" mas no meu caso, esses "segredos", pensamentos não revelados, não é só porque tenho segredos como todo mundo mas porque tenho medo de assustar as pessoas, ser interpretada de forma errada.

Mas tá tudo bem, consigo viver bem assim, pelo menos por enquanto. Talvez um dia eu surte e grite tudo o que guardo dentro de mim.

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Bom, acho que quem acompanha aqui o blog sabe que eu terminei relacionamento a um bom tempo pelo penúltimo post que fiz e ali eu já estava bem. Mas antes daquele dia eu fiquei me perguntando "quanto tempo?".

Quanto tempo a gente demora pra superar alguma situação ou alguém? Quanto tempo a gente demora pra sentir interesse em conhecer outras pessoas? E a verdade é que não tem um tempo certo, um tempo padrão, cada um tem o seu próprio tempo. Tanto que cheguei a perguntar pra um amigo quanto tempo demorou pra ele se recuperar e seguir em frente, porque eu já estava me sentindo bem fiquei pensando "será que é muito cedo pra eu já está me sentindo bem?" mas depois de refletir sobre isso eu soube exatamente porque eu já estava bem e tranquila comigo mesma.

Eu já estava bem não porque eu não o amei a pessoa mas porque foi um relacionamento que acabou eu sabendo que tinha feito tudo o que estava ao meu alcance, eu sei que dei o meu melhor, me esforcei e então não tive aquela angústia de pensar "o que eu fiz de errado?" "o problema era eu?" mas não era. Eu estava e ainda estou com a consciência tranquila.

E outra, não quero me permitir deixar que as decepções no passado interfiram nas coisas maravilhosas que podem acontecer no meu futuro por medo.

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Ontem, por acaso, o ônibus em que vou para a faculdade fez uma parte do percurso que o ônibus local faz para a sua casa e foi inevitável não lembrar das vezes em que fiz aquele trajeto pra ir ficar com você, lembrei da primeira vez que fui, foi a primeira vez que andei sozinha de ônibus, me senti tão independente.

E sabe, vai ser assim por um tempo, coisas pequenas, detalhes me farão lembrar de você, de nós dois juntos e tá tudo bem, faz parte do processo e já aceitei isso. Mas no meio das lembranças boas, comecei a pensar no que realmente iria fazer pois eu tenho duas opções: Aceitar que acabou e deixar, não esquecer, jamais, pois foi uma parte da minha história, e a outra opção seria me agarrar ao fio fino de esperança de logo voltarmos quando você estivesse melhor e estiver disposto mas a gente não sabe do futuro e por isso, não posso me agarrar a esse fiozinho de esperança.

No início achei que estava sendo egoísta por estar me colocando em primeiro lugar, não insistindo pra gente continuar e talvez até ganhar pelo cansaço mas aí eu estaria querendo segurar um relacionamento por dois e eu consigo. Aí entendi que me colocar em primeiro não é egoísmo, é amor próprio.

Não vou dizer que não sinto muito porque acabou porque sinto muito sim, mas foi em comum acordo e isso me deixa em paz, pois terminamos sem briga, sem intriga, sem raiva. Não temos como saber se o que a gente tinha de viver junto, já vivemos ou se ainda vamos nos reencontrar no futuro distante, então só nos resta aceitar e viver.

O que tiver que ser, será.

"Sabrina. Pequena Sabrina, você não é igual a todo mundo e nem precisa ser, você tem um problema hormonal e isso vai fazer com que você tenha e não tenha coisas que, quando for mais velha, vai ser comum pra praticamente todas as meninas com quem você irá conviver.

Seu cabelo não é liso como o das suas coleguinhas mas isso não tem importância, se alguém falar que não é bonito, você diga "mas eu acho e prefiro o meu"e volte a brincar. Você não precisa ter vergonha de quem você é. Você é linda com o seu cabelo armado e jeito de falar o que pensa sem sentir vergonha de nada.

Você não é feia ou menos importante do que as outras pessoas porque não igual as outras meninas, porque tem algumas espinhas e é bem magrinha. Lembra que eu disse que por causa do seu problema hormonal não iria ter algumas coisas que a maioria das meninas tem? Então, você não vai ter seios grandes e vai pensar muito em colocar silicone pra ficar igual as outras meninas mas você não precisa disso, você é linda do jeito que é. As suas espinhas? A gente vai tratar, algo demorado mas que por outras circunstâncias, nunca irão desaparecer por completo mas tá tudo bem, é comum.

Pode chegar um momento que você ache que ser magra é a única coisa que pode te tornar bonita e vai querer manter isso a todo custo mas isso não é verdade, você é esperta e inteligente, só não sabe muito de calculo. Por favor, não pare de comer, não precisa comer muito mas coma, de três em três horas. Você é importante, pros seus pais, pro seu irmão, pras suas amigas.
Não dê atenção para aquelas meninas maldosas e nem pros garotos também que dizem que você é feia, eles que são uns idiotas.

Olha, pode até demorar um pouco mas vai chegar um dia que você vai se olhar no espelho e se aceitar, se achar a mulher mais linda e não falo só da beleza física. Não vou mentir dizendo que você nunca mais vai se sentir mal consigo mesma mas acontece, foi só um dia ruim. Todo mundo tem dias ruim.




O trecho destacado de rosa é a letra da música Little me, da Girlband, Little Mix, que me inspirou a escrever esse texto/carta.

Dia desses meu namorado me mandou um vídeo e disse "podia ser a gente mas  você não bebe" e comecei a pensar (porque coisas bem simples do nada me fazem refletir sobre a vida) e sobre o fato de eu não beber (bebida alcoólica, só pra ficar claro), lembrei das inúmeras vezes que eu falei para as pessoas que não bebo e elas ficaram muito indignadas, como se fosse o início do fim do mundo.

Existem N motivos pra uma pessoa não querer beber, não poder ou não gostar de beber, motivos religiosos, traumas, sabe que é algum tipo de gatilho, problemas de saúde, entre outros.
No meu caso, são dois. Não é algo muito indicado pra mim ingerir álcool porque à um tempo atrás eu fiz um tratamento para as espinhas com o roacutan e não tomei os devidos cuidados na época e ele atacou muito meu fígado e o segundo motivo é que eu simplesmente não posso, não agora.

Como eu disse pro meu namorado, eu não posso começar a beber, não agora. Acho que quando escutam que eu não bebo devem me achar mega certinha e coisas assim mas mal sabem eles que eu espero ansiosamente pelo dia que eu vou poder me permitir beber até vomitar, vou poder jogar tudo pro alto nem que seja só por uma noite, que vou poder fazer isso sem sentir nenhum tipo de culpa. E quer saber o real motivo de eu não ter feio isso ainda? Meus pais, principalmente pela minha mãe.

Desde os meus quatorze anos eu me sinto um peso na vida dos meus pais, é como se eles me dessem tudo e eu não fizesse nada pra retribuir, não importa o que faça. Piorou depois que eu fiquei de recuperação no último ano do ensino médio, que minha mãe queria muito que eu fosse pra escola técnica e não dava porque minhas notas estavam muito baixas e ainda estava de recuperação. Nos anos seguintes eu estava me esforçando muito pra ter notas boas e conseguir dar nem que fosse um pouquinho de orgulho a minha mãe, mas quase nunca era a nota 10, ela dava os parabéns mas sempre seguido de "na próxima tire 10", muito podem pensar que isso é muito bobagem, até porque é mais que normal que os pais queiram que o filho se saia sempre bem no que vão fazer mas isso sempre pesou muito pra mim, como se eu nunca conseguisse ser boa o suficiente.
Chegou o tempo da faculdade, não entrei na universidade assim que terminei, podem até pensar que foi bom porque eu teria tempo pra pensar e descobrir o que eu realmente gostaria de fazer mas não foi bem assim. Era só cobrança de que eu tinha que estudar pra passar no vestibular, bom, não consegui e resolvi optar pela faculdade particular através do FIES. Entrei na faculdade e achei que toda aquela pressão de entrar pra universidade tinha acabado mas não acabou. Eu não faço um curso que dá tanto dinheiro e é "ruim" pra onde eu moro e o principal, pra minha mãe, não é pública. Sim, é minha mãe que paga a parte que o FIES cobre, ela aceitou me deixar fazer o fies porque viu como eu tava sofrendo por não conseguir na pública, ela comprometeu parte da renda dela pra me ajudar mas ela ainda cobra "Sabrina, faz o vestibular da UECE pra ver se agora tu consegue", as vezes eu penso que não iria importar muito o que eu cursasse na faculdade pública mas por eu estar em uma já ia ser bom pra ela sabe?! E eu continuo tentando sim os vestibulares na pública, porque eu quero conseguir que a minha mãe sinta orgulho de mim pelo menos uma vez.

Mas e aí né, o que isso tem haver com o fato de eu não me permitir beber? Meus pais não gostam disso e eu não quero dar mais um motivo pra me tornar mais ainda um desgosto. Eu ainda moro na casa deles, são as regras deles, talvez ela, minha mãe, nem me veja assim, como um desgosto por não ter passado na pública mas eu me vejo assim pra ela e isso me machuca tanto. E o que me conforta é que um dia eu vou me formar, ter um emprego, ter minha própria casa, minha própria vida e nem que seja apenas por uma noite, eu poder beber até dizer "chega" como todo jovem, provavelmente não vou ser mais tão jovem assim mas vou fazer.

E só mais uma coisinha, eu amo a minha mãe, ela é uma pessoa incrível, eu realmente entendo ela mas acho que senti a pressão mais do que aparentava. E eu tenho esperança de um dia ela sentir muito orgulho da filha que tem.


Nem por um momento eu estou querendo dizer que quem bebe é um desgosto pra família por beber, este é apenas um relato meu, sobre mim.